As cinco fases da morte
(do processamento da notícia sobre a própria morte
ou da morte de um próximo, ou de qualquer notícia trágica,
por extensão)
Primeiro Estágio: negação e isolamento
A Negação e o Isolamento são mecanismos de defesas
temporários do Ego contra a dor psíquica diante da morte. A intensidade e
duração desses mecanismos de defesa dependem de como a própria pessoa que sofre
e as outras pessoas ao seu redor são capazes de lidar com essa dor. Em geral, a
Negação e o Isolamento não persistem por muito tempo.
Segundo Estágio: raiva
Por causa da Raiva, que surge devido à impossibilidade do
Ego manter a Negação e o Isolamento, os relacionamentos se tornam problemáticos
e todo o ambiente é hostilizado pela revolta de quem sabe que vai morrer. Junto
com a raiva, também surgem sentimentos de revolta, inveja e ressentimento.
Nessa fase, a dor psíquica do enfrentamento da morte se
manifesta por atitudes agressivas e de revolta: - Por que comigo? A revolta
pode assumir proporções quase paranoides; “com tanta gente ruim para morrer
porque eu, eu que sempre fiz o bem, sempre trabalhei e fui honesto?”...
Transformar a dor psíquica em agressão é, mais ou menos, o
que acontece em crianças com depressão. É importante nesse estágio haver
compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva na pessoa que
sente interrompidas suas atividades de vida pela doença ou pela morte.
Terceiro Estágio: barganha
Havendo deixado de lado a Negação e o Isolamento,
“percebendo” que a raiva também não resolveu, a pessoa entra no terceiro
estágio: a Barganha. A maioria dessas barganhas é feita com Deus e,
normalmente, mantidas em segredo.
Como dificilmente a pessoa tem alguma coisa a oferecer a
Deus, além de sua vida, e como este parece estar tomando-a, quer a pessoa queira
ou não, as barganhas assumem mais as características de súplicas.
A pessoa implora que Deus aceite sua “oferta” em troca da
vida, como por exemplo, sua promessa de uma vida dedicada à Igreja, aos pobres,
à caridade... Na realidade, a barganha é uma tentativa de adiamento. Nessa fase
o paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil (não se pode barganhar com Deus
ao mesmo tempo em que se hostiliza pessoas).
Quarto Estágio: depressão
A Depressão aparece quando o paciente toma consciência de
sua debilidade física, quando já não consegue negar suas condições de doente,
quando as perspectivas da morte são claramente sentidas. Evidentemente,
trata-se de uma atitude evolutiva; negar não adiantou, agredir e se revoltar
também não, fazer barganhas não resolveu. Surge então um sentimento de grande
perda. É o sofrimento e a dor psíquica de quem percebe a realidade nua e crua,
como ela é realmente, é a consciência plena de que nascemos e morremos
sozinhos. Aqui a depressão assume um quadro clínico mais típico e característico;
desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, etc.
Quinto Estágio: aceitação
Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e
nem nega sua realidade. Esse é um momento de repouso e serenidade antes da
longa viagem.
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