domingo, 4 de novembro de 2012

Pimenta Rosa

Vitória ao sabor de pimenta rosa




Por Bruno Zanini Kairalla

Fotos-reportagem: Deyver Dias

Apenas na primeira fase foram mais de cinco mil projetos inscritos, provenientes de diversas instituições universitárias do País. Além disso, a quantidade dos concorrentes também deixaria espaço para uma involuntária tensão: mais de 500 universidades. Mesmo assim, a resposta do Prêmio Santander Universidades 2010, em São Paulo (SP), mostraria o peso e a qualidade dos profissionais que dispõe a Universidade Federal do Rio Grande (Furg).





Entre as oito instituições vencedoras, anunciadas na cerimônia realizada na capital paulistana na noite do dia 24 de novembro, lá estava a Furg – a única instituição do Estado a concorrer na categoria universidade solidária, representada pela professora Claudete Miranda Abreu, 41 anos.



Bióloga, próxima de completar os 15 anos de sua graduação na Furg, a professora que integra o Instituto de Ciências Biológicas(ICB), conquistou o Prêmio Universidade Solidária, após iniciar em maio deste ano a coordenação do projeto de extensão, “O Cultivo de Pimenta Rosa – Uma planta nativa, como alternativa sustentável para pequenos produtores do Município de Rio Grande-RS”.









O prêmio que posteriormente será repassado a cada um dos oito projetos vencedores é de R$ 50 mil, totalizando um montante de R$ 400 mil. A premiação é destinada a implementação dos melhores projetos de ação comunitária focados em desenvolvimento sustentável, com ênfase em geração de renda.



Além do apoio financeiro, cada projeto contará com a consultoria especializada da Universidade Solidária (Unisol) e da equipe técnica do Banco Santander, a fim de maximizar os resultados e promover um diálogo na busca de melhores soluções. Assim, o objetivo é estimular a extensão universitária e a formação cidadã do futuro profissional, além de disseminar o conhecimento das universidades a favor de comunidades em condições socioeconômicas desfavoráveis.



Nova fase





Com o reconhecimento, o projeto entra em uma nova fase, a de aplicação prática da iniciativa. “A ideia agora é fazer com que o projeto atenda ao seu publico alvo, gerando pesquisas sobre a planta e ampliando assim os conhecimentos sobre a mesma”, salienta Claudete.



Segundo a professora, o projeto possui potencial para ser aplicado em diferentes áreas do conhecimento e, por esta razão, espera contar com o interesse dos acadêmicos ligados as áreas de Ciências Biológicas, Direito, Pedagogia, Engenharia de Alimentos, Administração, entre outros.



As inscrições para os interessados estão abertas até a próxima terça-feira, 07, na área botânica presente no pavilhão 6 do Campus Carreiros. Segundo a bióloga, a seleção destes alunos será feita conforme o perfil e a área de atuação deles.





Feitas as inscrições, a professora já avalia os próximos passos da iniciativa: - Formaremos um grupo de ação, ampliando a divulgação do projeto junto à comunidade de produtores rurais do Município para posteriormente efetivar o cadastro das famílias conforme os critérios determinados pela equipe e também de acordo com enquadramento do projeto no edital, visando à capacitação dos produtores através de cursos sobre conhecimento e manejo da planta, curso de autogestão e mercado - pontua a professora.



Para viabilizar as atividades, o projeto conta com a força de seus parceiros de atuação, entre eles, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura-Nudese, Prefeitura do Rio Grande, através da Secretaria Municipal de Agricultura (SMA), Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater/RS), Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro-Sul) e também o Sindicado dos Trabalhadores Rurais.



Do fruto rosa





Não dá para dizer que foi “por acaso”, porém, o pontapé inicial do projeto se deu a partir das observações e estudos de Claudete sobre uma planta invasora, conhecida como capim-annoni (eragrostis plana).



- Mapeamos as áreas com intensa infestação desta planta no Município. No trabalho de campo, observamos a existência de árvores de aroeira mansa nas propriedades. Em seguida, já com o conhecimento adquirido, constatou-se que a produção das aroeiras é considerada satisfatória na geração de um produto que sustenta uma renda alternativa para pequenos produtores rurais - discorre a professora, que com a evolução das pesquisas buscou a parceria de profissionais da área. "Foram realizadas reuniões para viabilizar a elaboração do projeto. Os alunos passaram a ter interesse em participar e a equipe foi sendo organizada”, conta Claudete.





A professora recorda que foi enquanto ouvia os produtores de cebola, por exemplo, perderem grande quantidade de suas mercadorias, queixando-se por conta do clima, que, aos poucos, foi surgindo as ideias.



Conforme Claudete, a pimenta rosa (schinus terebinthifolius raddi), fruto da aroeira, é “uma espécie vegetal nativa da América do Sul e abundante no extremo sul do Rio Grande do Sul, principalmente na zona de restinga em Rio Grande”. Em contramão a outras plantações, é durante o inverno que a aroeira fornece seus melhores frutos.





Além de ser utilizada como tempero culinário, principalmente na culinária européia, pelo sabor suave, adocicado e levemente apimentado que carrega, do fruto também é possível se extrair o óleo. E paga-se um valor alto por ele. De acordo com a professora, um litro pode custar no exterior até 800 dólares.



Barato também não saí um frasco com a fruta pura. Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma planta medicinal, a pimenta rosa é uma forte aliada para combater processos infecciosos em geral. Mas, quanto a isto, a professora prefere cautela. “Desenvolveremos estudos para verificar as suas reais potencialidades”, assegura.



Atenção também é necessária para não confundir as espécies. Conforme a bióloga, existe uma aroeira muito similar, entretanto, seus frutos não são aconselháveis para o consumo, podendo causar disfunções alérgicas. “As folhas da pimenta rosa são lisas, enquanto as similares são largas e mais serrilhadas”, compara a professora.



“Sempre podemos aprender”





Mestre em fisiologia vegetal e doutora em produção vegetal, ambos pela Federal de Pelotas, a bióloga define em uma frase sua atual perspectiva de vida: “Sempre podemos aprender”. Além de participar de outros projetos na área de pesquisa e ensino, no Instituto da Furg, Claudete leciona as disciplinas nos cursos de Ciências Biológicas, Oceanografia, e também no curso de Especialização em Diversidade Vegetal.



- Acredito que os três pilares, ensino, pesquisa e extensão, não podem se separar, mas penso que coordenar projetos que venham a contribuir com a formação dos acadêmicos e que tenham uma aplicação prática é sempre interessante - declara a educadora.





Foi em sua sala no Instituto, que ela recebeu a nossa equipe de reportagem. No encontro, a professora relatou sobre os momentos que antecederam o anúncio de seu nome para receber o prêmio. Acompanhada pela a Pró-Reitora de Extensão e Cultura, Darlene Torrada Pereira, a bióloga revela que ficou sem reação na hora.



- Não acreditava; fiquei sem saber o que fazer; só depois que a ficha caiu, com o prêmio em mãos, é que comecei a rir sem parar -, menciona ela, que além de uma sensibilidade aflorada, também possui no tom de voz uma clareza suave.





Rio-grandina saudosa da localidade do Povo Novo, Claudete ressalta no decorrer da entrevista que sempre sonhou em um dia poder retribuir ao seu povo tudo o que colheu enquanto guria. “Agora, encontrei uma maneira de oferecer um retorno”, aponta ela, que quando questionada sobre o que hoje mais lhe deixa completa, responde: “Poder ter a chance de promover ações que possam contribuir com o conhecimento e o desenvolvimento dos produtores rurais”.



Alunos

“É gratificante quando vejo um aluno interessado em participar do projeto, pois são eles que estarão no mercado de trabalho, levando um pouco daquilo que repassei”.



Família

Casada há 17 anos, a mãe de Manoela e Patrícia, comenta também sobre o apoio que recebeu de sua família. “Meu esposo sempre me apóia nas ações e até mesmo as minhas filhas, uma de 4 e a outra de 6 anos, que, mesmo pequenas, percebo que notam o meu trabalho como algo interessante, comentando sobre a pimenta até na escola”, orgulha-se ela. “Quero agradecer a todos da equipe, da Furg aos parceiros e apoiadores, que acreditaram na idéia de produzir pimenta rosa como uma fonte de renda alternativa no Município e também ao grupo Santander e a Unisol, por oportunizarem este prêmio as universidades”.



Serviço

- O que: Inscrições abertas para acadêmicos interessados em participar do projeto

- Cursos: Ciências Biológicas, Direito, Pedagogia, Eng. de Alimentos, Administração, etc.

- Até quando: Terça-feira, 07 de dezembro

- Local: Área da botânica, presente no pavilhão 6 do Campus Carreiros.

- Informações: (53) 3293-5181 ou 3233-5176.

Posted 4th December 2010 by Bruno Z. Kairalla

Labels: Frutos Pimenta Rosa Claudete Miranda Abreu Prêmio Santander Universidade Solidária Instituto Ciências Biológicas Furg aroeiras planta culinária medicinal fonte de renda alternativa sustentável































Saiba tudo sobre a Pimenta Rosa













Pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius), muitas vezes confundida com a pimenta-do-reino, não pertence à família das pimentas. Trata-se da fruta (de tamanho semelhante ao da pimenta-do-reino) da aroeira (Schinus molle) que, apesar do aroma de pimenta, apresenta sabor levemente adocicado e ardência bem delicada (quase imperceptível).

Há outra variedade de aroeira, conhecida como aroeira-de-capoeira ou aroeira-vermelha (Schinus terebinthifollus) que também produz a pimenta-rosa. Deve-se tomar cuidado pois algumas variedades, como a aroeira-brava, causam alergia e urticária.

A aroeira é nativa da América do Sul e seus frutos são comuns na cozinha francesa, daí ser conhecida como poivre rose (pimenta-rosa em francês).

Só há pouco tempo passou a fazer parte da culinária brasileira, que até então exportava a pimenta-rosa para a Europa e depois importava. Pela baixa ardência não é usada como condimento e sim como elemento de decoração. Por outro lado, dá um sabor especial na preparação, pois quando as sementes são mastigadas nota-se a suave ardência.

Como comprar e onde armazenar:

Quando fresca e bem conservada, a pimenta-rosa apresenta uma película fina e delicada de cor avermelhada ou rosada, de textura quebradiça que envolve uma semente escura de sabor levemente adocicado e pouca ardência. Evite as pimentas em que as películas estejam soltas, com a cor rosa desbotada e cheiro de mofo. A melhor maneira de armazená-la é em recipientes herméticos, secos e limpos. Evite deixá-los expostos à luz e em ambientes úmidos.

Como usar:

A pimenta-rosa combina tanto em preparações salgadas como doces. É usada, de maneira especial, em molhos para medalhões de filé mignon grelhado, mas também fica muito bom com filé de frango e de peixe e no camarão. Sorvetes de frutas, musses, crêpes e saladas (doces e salgadas) ganham mais cor e sabor com a pimenta-rosa adicionada no momento de servir. Experimente servir queijo-de-minas fresco ou queijo de cabra fresco temperado com azeite de oliva, ervas frescas e pimenta-rosa.



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